24 de agosto de 2009

Apito final

Exmo. Senhor Presidente da Direcção do FC Vizela (ou a quem possa interessar)
Servi o clube nos últimos 7 anos. Um longo e inesperado percurso. E gratificante, se apenas levar em conta o prazer e o nível do trabalho que realizei.
Bati-me e porfiei para que o clube ao longo deste período se modernizasse e criasse condições para se projectar no futuro. Sobretudo através da criação de uma estrutura forte e à prova de abalos, que permita, em situações de crise, minimizar-lhes o impacto e impedir que os seus efeitos se reflictam negativamente na operacionalidade do Clube, com especial incidência nos resultados da equipa de futebol.
Entendo que o clube, nos últimos anos, deixou escapar essa oportunidade de se transformar. Constato isso com pena mas também com a consciência de que não me cabe nenhuma responsabilidade no assunto.
Nem os estímulos nem os factores externos permitiram alterar uma estrutura cheia de vícios e ancilosada cujos funcionários (e também dirigentes e colaboradores), na sua maioria, ineficientes e acomodados, parecem mais preparados para mandar que para servir e são exímios em fugir ao trabalho e às responsabilidades. Talvez porque são avaliados e recompensados, não em termos de competência ou de desempenho, mas em obscuros critérios de antiguidade, bajulice e subserviência. Modelo em que não me revejo e em que não me quero converter.
Mas o que fiz ou pretendi fazer não é para aqui chamado, pois fui pago por isso. Embora quase sempre tarde e mal...
Ao longo deste tempo, trabalhei com dezenas de jogadores a quem sempre apoiei e à maioria dos quais me ligam laços de amizade. Colaborei com várias equipas técnicas às quais sempre devotei respeito e lealdade. Servi todas as direcções com honestidade e dedicação. Embora nem sempre com empatia em relação a certos elementos ou em concordância com determinadas linhas de orientação. Mas acho que não será ético da minha parte acrescentar qualquer tipo de comentário ou emitir qualquer juízo de valor em relação às pessoas e às respectivas gestões. Pelo menos, por enquanto…
Neste momento, após um processo turbulento de descida de divisão, cujos responsáveis continuam impunes e inimputáveis, mas cujas consequências tanto se fazem sentir, receio pelo presente e pelo futuro do clube.
Demitiu-se o Presidente da Direcção com o qual eu tinha um acordo verbal para continuar. Mais não me resta, até porque não tenho qualquer vínculo laboral com o clube, que seguir-lhe o exemplo e deixar ao seu sucessor a liberdade de contratar quem bem entender para as funções que tenho vindo a desempenhar.
Aliás, há dirigentes que pensam e dizem ser esse um cargo perfeitamente dispensável. E, em altura de crise, sempre será menos um encargo…
Vizela, 14 de Agosto de 2009.
Sérgio Coelho

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