24 de setembro de 2009

Cronologia do desespero

Gostava de poder encerrar definitivamente,ou ao menos durante um largo período, o dossier FC Vizela. Agora como mero espectador pretendia deixar as pessoas em paz e com a tranquilidade necessária para encontrarem uma solução. Mas como verifico que o clube continua a ser um forte manancial de situações caricatas, temo que me dê trabalho e substância para mais uns posts.

Neste vão três apontamentos, que acho, curiosos:

1. Em relação às últimas “contratações” do clube não posso deixar de dizer que se confirma a máxima enunciada por um ex-dirigente desportivo de que o que hoje é verdade amanhã é mentira. Acho, se me é permitido opinar, que, ou há por aí uma estirpe nova de um qualquer vírus que provoca esquecimento, ou as pessoas perderam completamente o sentido da decência e a noção do ridículo. Mas cada um veste o fato que melhor lhe parecer - apenas espero que não seja eu o único a reparar que, afinal, o rei vai nu.

2. Li e não vi ainda rebatida em lado nenhum (nem sequer na recente AG, e este é sem dúvida um assunto de interesse para o clube) a tese enunciada num artigo jornalístico publicado no jornal “a bola” assinado por José Manuel Delgado sob o título "Cronologia do processo tira argumentos a Vizela" e  relativo ao processo que culminou com a descida de divisão do FCV. Depois de enumerar cronológica e exaustivamente todas as fases do processo, conclui o citado artigo, embora de uma forma pouco clara,  que em referência ao "requerimento da revisão da decisão proferida pelo CD em 8 de Junho de 2009 que foi indeferida liminarmente em 21 de Julho de 2009"... "não apresentaram os agentes desportivos  punidos (Benjamim Castro e FC de Vizela) reclamação para o Plenário da CD, o que tornou tal indeferimento definitivo." O que, em linguagem de gente, parece querer dizer que o FCV perdeu o caso devido a um pequeno esquecimento. 

Quero acreditar que se trata de uma mera falácia jornalista mas fico preocupado por, passada uma semana, não ver desmentida nem desmontada a argumentação da citada peça. Nem mesmo ao abrigo do direito de resposta que assiste ao clube.

3. Pelo que me apercebo, e adiantando-me um pouco, preparam-se para salvar o clube as mesmíssimas pessoas(salvo uma ou outra excepção) que o colocaram no buraco em que se encontra. Ora a não ser que tenham, entretanto, frequentado cursos intensivos de gestão ou sido iluminados pela graça divina, não me parece, nem pouco mais ou menos, que sejam a solução para os graves problemas do clube... Mesmo que haja, como consta, um reforço significativo das verbas concedidas pelo principal financiador.


A visita da Manuela

Hoje encontrei o Paulo Portas… na minha caixa do correio. Por lá tinham passado o Manuel Monteiro, o Francisco Loução e a Manuela F. Leite. Do Sócrates ainda não tive notícias. Mas a sua visita, ao vivo e a cores, à nossa terra compensa essa falta.

Longe de outros tempos em que lhes era vedada a entrada na nossa terra, nesta campanha eleitoral, tivemos um fartote em matéria de desfile de candidatos. E ainda bem. A todos deve ser concedida a oportunidade de nos assombrar e o ensejo de ver a nossa grandeza. O Sócrates veio numa sexta à tarde, à hora do registo do euromilhões, a Manuela veio almoçar, o Telmo (presumo) passou no mercado, o Monteiro é quase um residente…

Pena não coincidir com as festas senão tinhamo-los a todos no cortejo.

Noutros tempos os candidatos esgrimiam ideias, batiam-se por ideais. Hoje, em nome do pragmatismo, apresentam medidas. De igual modo, hoje, as pessoas contentam-se com menos, umas promessas de baixa de impostos, um aumentozito dos salários….

Talvez por isso são cada vez menos os que os acompanham e param para os ouvir. Os fiéis, os funcionários do partido e pouco mais. Estrategicamente refugiam-se em pequenos espaços, esperam a hora de ponta, encenam-se comícios em que há sempre cantores de serviço para chamar pessoal, organizam-se uns jantaritos, distribuem-se bandeiras, cachecois, esferográficas e isqueiros, passam à pressa a mensagem de que é preciso "votar em nós" e ala que se faz tarde que o país é pequeno mas há outras terras e outros votos para conquistar.

Mas os verdadeiros palanques são as televisões. Hoje os políticos são produtos de telemarketing tal como a baba de caracol e as engenhocas para os abdominais. E milagrosos também.
Francamente fico sem saber se vamos eleger o melhor candidato a primeiro-ministro ou votar no actor com melhor prestação mediática.

Mas, quem sabe, talvez afinal de contas, as coisas tivessem sido sempre assim e eu é que andava iludido.

Bem ao menos nesta campanha tivemos algo novo e irreverente, o programa "esmiúça os sufrágios com o humor corrosivo dos "Gato Fedorento". Ah se ao menos a oposição lá fosse beber ideias...

NOTA DE RODAPÉ -  O título deve-se à analogia com um programa antigo de televisão, que muito me divertiu há alguns anos: "a visita da Cornélia". O facto de mencionar apenas o nome de um candidato não me parece que vá merecer reparos da CNE. Mas à cautela acrescento que este post é completamente apartidário.