24 de setembro de 2009

A visita da Manuela

Hoje encontrei o Paulo Portas… na minha caixa do correio. Por lá tinham passado o Manuel Monteiro, o Francisco Loução e a Manuela F. Leite. Do Sócrates ainda não tive notícias. Mas a sua visita, ao vivo e a cores, à nossa terra compensa essa falta.

Longe de outros tempos em que lhes era vedada a entrada na nossa terra, nesta campanha eleitoral, tivemos um fartote em matéria de desfile de candidatos. E ainda bem. A todos deve ser concedida a oportunidade de nos assombrar e o ensejo de ver a nossa grandeza. O Sócrates veio numa sexta à tarde, à hora do registo do euromilhões, a Manuela veio almoçar, o Telmo (presumo) passou no mercado, o Monteiro é quase um residente…

Pena não coincidir com as festas senão tinhamo-los a todos no cortejo.

Noutros tempos os candidatos esgrimiam ideias, batiam-se por ideais. Hoje, em nome do pragmatismo, apresentam medidas. De igual modo, hoje, as pessoas contentam-se com menos, umas promessas de baixa de impostos, um aumentozito dos salários….

Talvez por isso são cada vez menos os que os acompanham e param para os ouvir. Os fiéis, os funcionários do partido e pouco mais. Estrategicamente refugiam-se em pequenos espaços, esperam a hora de ponta, encenam-se comícios em que há sempre cantores de serviço para chamar pessoal, organizam-se uns jantaritos, distribuem-se bandeiras, cachecois, esferográficas e isqueiros, passam à pressa a mensagem de que é preciso "votar em nós" e ala que se faz tarde que o país é pequeno mas há outras terras e outros votos para conquistar.

Mas os verdadeiros palanques são as televisões. Hoje os políticos são produtos de telemarketing tal como a baba de caracol e as engenhocas para os abdominais. E milagrosos também.
Francamente fico sem saber se vamos eleger o melhor candidato a primeiro-ministro ou votar no actor com melhor prestação mediática.

Mas, quem sabe, talvez afinal de contas, as coisas tivessem sido sempre assim e eu é que andava iludido.

Bem ao menos nesta campanha tivemos algo novo e irreverente, o programa "esmiúça os sufrágios com o humor corrosivo dos "Gato Fedorento". Ah se ao menos a oposição lá fosse beber ideias...

NOTA DE RODAPÉ -  O título deve-se à analogia com um programa antigo de televisão, que muito me divertiu há alguns anos: "a visita da Cornélia". O facto de mencionar apenas o nome de um candidato não me parece que vá merecer reparos da CNE. Mas à cautela acrescento que este post é completamente apartidário.

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